A mulher brasileira em 100 anos e o que de fato nos representa.

A empresa media mode, produtora de vídeos conceituais para internet, vem produzindo vídeos com conteúdos bem interessantes sobre a história da moda e sua evolução de comportamento através das décadas, inclusive já havíamos feito uma resenha sobre o vídeo que a empresa produziu sobre 100 anos de moda em 3 minutos, se você ainda não leu este post, pode acessá-lo neste link: http://bijousbaratoseafins.blogspot.com.br/2015/06/100-anos-de-moda-num-video-de-menos-de.html .

Assistam o making off e documentário com o pesquisador e produtor do vídeo, o antropólogo Chris Chan, explicando os ícones e referências culturais desta produção.

 Dessa vez, media mode resolveu produzir uma série de vídeos sobre os ícones e os padrões de beleza de diversas culturas, incluindo o Brasil, a pesquisa foi feita por pesquisador e antrópologo americano chamado Chris Chan, onde ele resolveu pesquisar em décadas a mudança dos padrões de beleza dentro da cultura brasileira. O trabalho dele é muito interessante de ser avaliado por nós brasileiras que nos interessamos por moda e comportamento, pois é um olhar gringo sobre a nossa cultura, utilizando ícones da nossa cultura e aspectos sócio-culturais dentro do contexto de cada década.

Confira os ícones de moda, beleza e comportamento de cada década sob a ótica um pesquisador estrangeiro:

1910

A modelo brasileira Cíntia Dicker foi escolhida pelo pesquisador Chris Chan para representar a transformação da beleza da mulher brasileira em décadas, segundo o pesquisador, as modelos brasileiras viraram ícones de beleza internacional com o boom da moda em 2000. Assim elas passaram a ser muito requisitadas por agências no mundo inteiro e o rosto dela era perfeito para representar bem as transformações em ícones de cada década. Na foto acima, Cíntia Dicker representa a mulher de 1910 com corte usado por damas dos barões de café na época.

1940

A modelo representa o ícone Carmen Miranda como modelo de beleza da década de 40, pois a cantora Carmen Miranda estava no auge de sua carreira internacional e é uma referência artística até hoje, mostrando toda a sua exuberância e os padrões estéticos da época.

1960

O tropicalismo foi representado por Rita Lee na interpretação da modelo Cíntia Dicker, pois esta foi a década em que o movimento ganhou força entre os jovens e o corte da cantora Rita Lee virou ícone entre as jovens e influenciou o comportamento de toda uma geração oprimida pela ditadura.

1980

Xuxa foi a escolhida para representar a imagem da mulher dos anos 80, pois o sucesso como modelo despertava o desejo das mulheres da década em copiar o seu estilo, já que o seu rosto estampava as principais campanhas de cosméticos e marcas de roupas. Segundo Chris Chan, Xuxa representava o padrão de corpo e comportamento da mulher brasileira, tornando-a um ícone pop como apresentadora e ídolo dos jovens brasileiros.

2010

Assistam o vídeo de 100 anos de beleza brasileira

A própria modelo Cíntia Dicker é a representante da mulher de 2010, pois as modelos brasileiras representam muito a diversidade da beleza brasileira e fazem muito sucesso no mercado de moda internacional. Segundo Chris Chan, a mulher brasileira possui uma beleza multirracial muito complexa, formada por diversas etnias, mas como no início do século o café era o produto de exportação, hoje as nossas modelos são tão conhecidas e valorizadas lá fora, comparou Chris.

O vídeo gerou um pouco de polêmica no Youtube, pois muitas pessoas criticaram a ausência de mulheres negras e ícones das nossas novelas que tanto representam também a nossa cultura, realmente encontrei algumas falhas na pesquisa, pois a cultura afro é muito mais forte na nossa formação cultural do que os concursos de misses que caíram em decadência nos anos 90. Apesar da polêmica, o objetivo do vídeo era retratar as mudanças nos padrões estéticos da mulher brasileira nos últimos 100 anos e ele conseguiu mostrar isso de forma criativa, mas, ainda assim, poderia ter explorado outras referências em ícones de novelas, como a viúva Porcina da novela Roque Santeiro (Rede Globo) nos anos 80, interpretada pela atriz Regina Duarte, ou as cantoras de funk em 2010, representando a nova força jovem com cantoras como Ludmila e Anitta, independente do gosto pessoal, se aproximariam mais do momento atual de transformação cultural e estético do Brasil.